Sunday 16 August 2009

23vii

Sem ti o tempo sabe a deserto

Onde me perco entre a tua memória

E o nascer de mais um dia


Sem ti o poema é vazio

E a tua ausência ecoa como punhaladas

Na tela em que te pinto

Em tons de carne e cinzento

16viii2009

Deixo os dias passarem por mim sem pensar que existem. Como sonhos dos quais sou mero espectador, sem interferir de forma consciente. Não sou feliz mas sinto-me bem vivendo nesta tristeza cinzenta. Existo. É-me indiferente.

E, a consciência deste estado semi-adormecido traz-me um sorriso nos lábios que me aquece no inverno do meu inferno.

Saturday 1 August 2009

01viii2009

Adaptando as palavras do Escritor* – que farei com este blogue?...

Deixei de escrever há algum tempo. Talvez demasiado. Mas questões e sentimentos passados voltam a ter sentido… Revisito então as minhas notas.
Andam soltas, espalhadas um pouco por todo o lado. Livres em papel branco, cadernos, blocos,
em guardanapos, papel sujo, em gatafunhos de lápis,
na caneta mais a jeito,em recibos de compras, em telas escuras,
mas sobretudo presas em mim…

Abomino a ideia de partilhar a única coisa que verdadeiramente me pretence – o meu vazio – mas começo a ter medo de estar sozinha com ele e deixar que o mesmo me consuma… “Enfrento-o” então aqui...
*José Saramago, “Que farei com este livro?”, Editorial Caminho, 1999

vii2007

O que dava eu para poder apagar de mim todo o conhecimento do que sou, resumir-me à minha própria insignificância, destruir toda a capacidade de pensar, racionalizar, e eliminar de vez qualquer tipo de emoções! Daria tudo para que fosse possível cometer um suicídio mental! Para que de mim somente restasse um corpo reactivo a estímulos físicos, um autómato de cara bonita, sorriso calmo e agradável! Que prazer vegetativo sentiria se conseguisse afogar a razão em si própria, no mar negro de pensamentos que se revolta no vazio existente por debaixo da minha máscara impenetrável! Sentir-me-ia verdadeiramente livre se pudesse mergulhar no precipício abissal que encontro em frente de cada vez que fecho os olhos e vejo o meu interior… Um passo só para o sossego da ignorância!

02vii2009