Sem ti o tempo sabe a deserto
Onde me perco entre a tua memória
E o nascer de mais um dia
Sem ti o poema é vazio
E a tua ausência ecoa
Na tela em que te pinto
Em tons de carne e cinzento
Sem ti o tempo sabe a deserto
Onde me perco entre a tua memória
E o nascer de mais um dia
Sem ti o poema é vazio
E a tua ausência ecoa
Na tela em que te pinto
Em tons de carne e cinzento
Deixo os dias passarem por mim sem pensar que existem. Como sonhos dos quais sou mero espectador, sem interferir de forma consciente. Não sou feliz mas sinto-me bem vivendo nesta tristeza cinzenta. Existo. É-me indiferente.
E, a consciência deste estado semi-adormecido traz-me um sorriso nos lábios que me aquece no inverno do meu inferno.
Bernardo Soares
in Livro do Desassossego